Apoca apresentará projeto que visa trazer atendimento de radioterapia para a região
Depois de participar da Conferência Municipal e Estadual de Saúde, a Associação dos Pacientes Oncológicos da Região de Canoinhas (Apoca) também se fará presente no evento Nacional, que acontece entre os dias 30 de novembro e 04 de dezembro, em Brasília.
A entidade, que em 2015 completou 17 anos de atividades ininterruptas, será representada na Conferência Nacional pelas assistentes sociais Eva Rosa e Jane Fontana. Lá, as profissionais levarão o projeto aprovado na Conferência Estadual e prometem lutar pela implantação do serviço de radioterapia no Hospital São Braz, de Porto União, referência em Oncologia no Planalto Norte Catarinense.
Atualmente, os pacientes da região têm de se deslocar até o Hospital São José, em Jaraguá do Sul, para realizar o procedimento. “O atendimento em Porto União estaria mais próximo, proporcionando maiores probabilidades de cura, controle e conforto às pessoas em casos paliativos”, garantiu a assistente social Eva, durante fala na tribuna da Câmara, na noite de terça-feira, 10.
Para ela, o serviço de radioterapia na região seria fundamental para que os tratamentos fossem iniciados num prazo máximo de 30 dias e, principalmente, tivessem continuidade.
Ao lembrar que pacientes acabam morrendo, sem ao menos ter começado as sessões de radioterapia, a profissional pediu o engajamento de todos para que a região seja contemplada com o serviço. “É por esta razão que estou aqui, pedindo aos representantes da nossa população, que são os vereadores, que também abracem essa causa”, solicitou.
A Câmara Municipal de Canoinhas, através de sua presidenta, vereadora Cris Arrabar (PT), se comprometeu de nos próximos dias confeccionar e colocar sob a deliberação do plenário, moção de apoio à instalação do atendimento de radioterapia. O documento, que será levado pelas profissionais ao evento na capital federal, contará com a assinatura de todos os vereadores.
Descentralização
Com a descentralização dos atendimentos oncológicos que aconteciam em Florianópolis, pacientes da região passaram a realizar os procedimentos de quimioterapia em Porto União e de radioterapia em Jaraguá do Sul.
Mas, na prática, o encurtamento de distância não trouxe os avanços esperados para que o início dos tratamentos ganhasse agilidade. A fila de espera aumenta a cada dia, principalmente, para os pacientes que necessitam concomitantemente dos procedimentos de radioterapia e quimioterapia no Hospital São José, em Jaraguá do Sul. O local atende 30 municípios e realiza cerca de 70 sessões diárias.
Segundo a assistente social, nem a lei federal que estabelece o prazo máximo de 60 dias para o início do tratamento vem sendo respeitada devido à demanda. “A partir do momento em que se descobre a doença, não podemos, não devemos e nem temos condições psicológicas para aguardar tanto tempo”, observou.
Deslocamentos diários
Fora a longa espera para o início dos tratamentos de radioterapia, os pacientes, muitos deles já debilitados pela doença, ainda têm de conviver com outro problema: os deslocamentos diários até Jaraguá do Sul para a realização dos procedimentos.
Representante dos Direitos Humanos da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Canoinhas, a advogada e voluntária da Apoca, Sandra Zacco, conhece de perto a realidade e o sofrimento vivenciados pelos pacientes por ter casos da doença na família.
Sua Irmã, que reside em Joaçaba, teve de morar três meses em Joinville na casa de parentes para poder realizar diariamente as sessões de radioterapia que duram em média 12 minutos. “É depressivo, é triste, sofre a pessoa e a família”, lamentou, ao ocupar a tribuna da Câmara, na noite de terça-feira, 10.
Já sua mãe também está realizando o tratamento. Todos os dias, a senhora de 69 anos de idade viaja 175 quilômetros até o hospital de Jaraguá do Sul. Sandra e o irmão Giovani se revezam para levá-la. Metade das sessões já foi realizada num total de 25.
Apesar das condições adversas das rodovias, a advogada garante que os obstáculos enfrentados por eles durante as viagens são pequenos diante daqueles vivenciados pelos pacientes que utilizam o veículo da prefeitura para se deslocarem até o hospital. “Nós vamos de carro, com horário pré-agendado. Mas penso naquelas pessoas que vem do interior, saem daqui (Canoinhas) todos os dias, de segunda a sexta-feira, às quatro horas da manhã e só retornam para casa quando o último paciente for atendido”, comparou.
Em tom de desabafo, Sandra falou que o câncer é um problema social. “Todos aqui já passaram, ou estão passando ou ainda vão passar por alguma situação em que alguém da família estará com a doença”, frisou.
Ela ainda lamentou ao fato de Canoinhas, mesmo contando com a Apoca, entidade com mais de três mil pessoas cadastradas, do quais 500 pacientes ativos, ter perdido para Porto União o centro de referência em Oncologia quando da descentralização das especialidades em nível de Estado. “Todos nós ficamos calados, porque ninguém de nós brigou para que tivesse vindo pra cá? Realmente não sei”, refletiu, ao cobrar empenho dos poderes constituídos e das entidades representativas da sociedade civil organizada, para que o serviço de radioterapia seja instalado na região.
Manifestações
Vereadores canoinhenses se manifestaram sobre as participações na tribuna livre. João Grein (PT) afirmou que o trabalho da Apoca é norteado pela solidariedade ao próximo e paixão pela causa. “Sou um parceiro, podem contar comigo”, acrescentou. Ainda disse que é preciso refletir sobre o que leva a região a ter tantos casos de câncer. “Será que é culpa do dito ‘desenvolvimento’?”, questionou.
Gilmar Martins, o Gil Baiano (PSDB), pediu que em casos de suspeita do câncer, a secretaria municipal de Saúde ordenasse a agilidade na realização das consultas e dos exames que possam diagnosticar a doença. “Às vezes não dá nem tempo de encaminhar os pacientes para tratamento devido a evolução da doença”, ressaltou.
Ex-funcionária da Apoca, vereadora Cris Arrabar (PT) considera a instalação do serviço de radioterapia um sonho possível de ser concretizado, mas desde que haja empenho da classe política regional. “Somos em dez vereadores de partidos e ideais diferentes, mas que nessa causa com certeza estaremos juntos”, comentou.
Ao destacar o papel das entidades filantrópicas nas áreas sociais e de saúde do país, vereador Renato Pike (PR) sugeriu que, em conjunto, as dez prefeituras que integram a Associação dos Municípios do Planalto Norte (Amplanorte) dividam os custos para a instalação do tratamento de radioterapia na região. “Que se façam os levantamentos necessários, mas tenho certeza que futuramente o investimento irá se pagar”, defendeu.
Quem também declarou apoio à causa foi o vereador Paulo Glinski (PSD), que cobrou empenho da classe política e das entidades representativas para que a região seja contemplada. “Os prefeitos e deputados têm de se unir, parar de ciumeira e de torcer um contra o outro, caso contrário as coisas acabam indo para outros municípios mesmo”, alfinetou, ao ainda dizer que os políticos e opinião pública devem ser provocados quando os assuntos são de interesse da população. “Senão fica no esquecimento, pois cada um tem a sua dor e maioria nem fica sabendo”, finalizou.
Novembro azul
O Novembro Azul, mês que serve para alertar os homens sobre a importância dos exames preventivos contra o câncer de próstata também foi assunto de debate na Câmara, durante a sessão ordinária de terça-feira, 10.
A assistente social Eva lembrou que a Apoca abraçou a causa há três anos, devido o alto índice de casos verificados na região. De acordo com ela, estatísticas apontam que a cada seis homens no Brasil, pelo menos um terá a doença durante sua vida. “Pode ser seu pai, seu irmão, seu filho, ser você. Portanto, previna-se”, aconselhou.
A pedido da presidenta da Casa, os vereadores participaram da reunião vestidos com as camisetas na cor azul e que simbolizam a campanha.
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