Infraestrutura urbana e rural marca a lista de reivindicações no Distrito de Marcílio Dias
Nem a chuva que caiu sobre a região, no início da noite de segunda-feira (27), foi capaz de afastar o público que compareceu maciçamente na primeira sessão itinerante do ano realizada pela Câmara Municipal de Vereadores. Mais de 80 pessoas, entre moradores das localidades que integram o distrito de Marcílio Dias, líderes comunitários, representantes de associações e alunos da escola estadual Manoel da Silva Quadro presenciaram os trabalhos legislativos que aconteceram no salão de eventos da Igreja Luterana.
A infraestrutura urbana e rural marcou a pauta de reivindicações apresentada por pessoas da comunidade. As principais queixas estão relacionadas à qualidade do calçamento construindo dentro da vila de Marcílio Dias e a precariedade das estradas que dão acesso às comunidades interioranas.
Durante a sessão, o público pode acompanhar a votação de quatro projetos de lei em segunda votação e de mais três em primeira. Os vereadores apresentaram 16 indicações e cinco requerimentos. Os trabalhos legislativos foram passo a passo explicados pelo presidente da Câmara, vereador Paulo Glinski (PSD), que elogiou a participação da comunidade e destacou a importância das reuniões realizadas fora da Casa. “É a oportunidade que as pessoas têm de acompanhar de perto a atuação do seu vereador, apresentar os seus pleitos e cobrar uma posição dos seus governantes para os problemas relacionados à comunidade em que vivem e trabalham”, comentou.
Assim como ocorreu no anterior, todos os funcionários do primeiro escalão do governo municipal, o prefeito e o vice-prefeito foram convidados através de ofícios encaminhados pelo legislativo. Desta vez, se fizeram presentes apenas o secretário municipal de Planejamento e Orçamento, Gilson Guimarães; o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Wanderlei Dombroski; a representante da Secretária Municipal de Saúde, Zenici Dreher Herbst e a diretora da Fundação Cultural, Viviane Bueno.
O que falaram os vereadores:
O vereador Beto Passos (PT) abriu as manifestações durante o pequeno expediente para relatar a demora de até quatro horas enfrentada por pacientes que procuram por consultas no Pronto Atendimento Municipal. Segundo ele, médicos plantonistas estão faltando com freqüência e prejudicando as pessoas que buscam atendimento, principalmente, nos finais de semana. “Entendemos o empenho da Secretaria Municipal de Saúde em suprir as necessidades e melhorar a qualidade. Porém, algo precisa ser feito com esses médicos faltosos que desrespeitam a população de Canoinhas. Ou eles cumprem o seu horário de trabalho, ou o legislativo terá que encaminhar denúncia ao Ministério Público”, ressaltou.
Passos também pediu ao secretário municipal de Planejamento e Orçamento, Gilson Guimarães, explicações sobre os critérios de escolha das ruas que receberam o calçamento em Marcílio Dias, o nome da empresa responsável pela obra e se houve fiscalização dos serviços por parte da prefeitura.
Vereador Bene Carvalho (PMDB) anunciou que ainda esta semana será expedida a ordem de serviço para o início das obras da ciclovia que liga Canoinhas até a vila de Marcílio Dias, numa extensão de aproximadamente quatro quilômetros. Já Célio Galeski, vereador pelo (PSD), cobrou agilidade da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Rural, no sentido de encaminhar o projeto de lei para a cessão de uso de equipamentos agrícolas para as associações de moradores do Distrito de Pinheiros. “Esses equipamentos foram adquiridos em dezembro, através de um pleito nosso junto ao deputado estadual Darci de Matos (PSD), que destinou recursos por meio de suas emendas parlamentares”, explicou.
O vereador João Grein (PT) também fez alusão aos problemas relacionados ao atendimento no PA. Ele pediu ao presidente da Casa que realize audiência pública para debater o assunto e também, outro encontro, para discutir junto ao INSS local o porquê na demora da realização e liberação dos resultados de perícias médicas. “E, na maioria das vezes, esses atestados são contrários aos laudos médicos penalizando pessoas que não tem condições nenhuma de trabalhar”, concluiu.
Alexey Sachweh (PPS) falou do projeto de lei, de sua autoria, que garante às Associações de Pais e Professores (APP’s) o direito de fiscalizar as obras realizadas nas escolas das redes municipal e estadual. Além disso, ele explicou ainda que a matéria pretende dar plenos poderes para que as APP’s direcionem os recursos oriundos das esferas públicas e apliquem onde realmente for necessário.
Vereador Wilson Pereira (PMDB) comentou sobre suas indicações solicitando agilidade para que enfim, se concretize, o convênio de comodato entre o município de Canoinhas e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico e Nacional (IFHAN). De acordo com o vereador, só assim o governo municipal poderá, de maneira legal, realizar investimentos na reforma e restauração nas edificações da antiga Estação Ferroviária fixadas na localidade de Marcílio Dias.
Ainda durante o pequeno expediente, o presidente da Casa, vereador Paulo Glinski (PSD) relatou a precariedade de parte da estrada geral que liga o bairro Alto da Tijuca até a localidade do Parado, nas proximidades da cerâmica Ceaca. O vereador apresentou indicação solicitando que o setor de Obras construa dois bueiros, faça reparos e coloque pedra brita ou cascalho numa extensão de 20 metros, evitando, com isso, que o local fique nos dias de chuva tomado pela lama e pela água, o que vem dificultando a passagem de veículos pesados.
Manifestações dos moradores:
Seis pessoas que residem nas comunidades que integram o distrito de Marcílio Dias ocuparam a tribuna livre. Os pronunciamentos foram abertos pelo presidente da Associação de Moradores de Marcílio Dias, Everton Ranthum, que enumerou uma série de prioridades para a localidade.
O morador solicitou reparos urgentes na iluminação pública que vem sofrendo atos de vandalismo; cobrou a conservação das ruas sem pavimentação; pediu que a prefeitura interferisse, junto à empresa que fez as obras de calçamento, a conclusão imediata dos serviços e realize as melhorias necessárias em diversos pontos já danificados; que o setor de Obras proceda a limpeza das valas a céu aberto que estão entupidas e tomadas pelo mato e barro.
Ranthum também solicitou que o poder público municipal melhore o sinal das repetidoras de TV na comunidade; procure dar agilidade ao processo de recuperação da antiga Estação Ferroviária que se encontra abandonada e que estenda por mais dois quilômetros as obras da ciclovia que, pelo projeto original, finaliza no bar do Coringa.
A tribuna livre foi usada também pelo professor João Osni Sardá que cobrou, com veemência, uma posição do governo municipal para o calçamento construído recentemente na vila. “A prefeitura tem que responsabilizar a empresa que realizou e os engenheiros que receberam esta obra. Tem que fazer isso e também uma denúncia ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) e também ao Ministério Público”, completou, referindo-se a péssima qualidade do calçamento que vem apresentando constantes problemas.
O professor também solicitou que o legislativo municipal busque, junto a Secretaria do Desenvolvimento Regional de Canoinhas, um mecanismo para que sejam colocadas lâmpadas no ginásio de esportes da escola estadual Manoel da Silva Quadros. “Faz um ano que ele está pronto e os alunos não podem utilizá-lo à noite”, reclamou. Ele também citou a precariedade das estradas vicinais, as constantes faltas de água e quedas de energia elétrica; pediu que a prefeitura fiscalize a qualidade da merenda escolar servida na extensão da escola situada em Rio do Pinho e ainda que o setor de Obras faça a recuperação em toda extensão do acesso secundário a Marcílio Dias que, segundo ele, está intransitável.
Para o morador Arnoldo dos Santos, o distrito foi esquecido pelo poder público municipal nos últimos anos. “Existe uma discriminação com a nossa comunidade”, frisou. Ele diz que recentemente algumas ruas foram recuperadas, mas, a maioria delas, ainda aguarda pelos serviços. “A minha rua não sabe o que é receber uma patrola. Tem criança que mora aqui que não sabe nem a cor de uma máquina da prefeitura”, relatou. Ele também pediu a colocação de placas de sinalização nas proximidades do trevo que dá acesso a ponte que liga a localidade até o distrito de São Cristóvão em Três Barras.
O morador da localidade de Capão do Herval, Amilton Stolarsky, também fez duras críticas a precariedade das estradas que cortam o distrito. Segundo ele, a situação já foi comunicada por diversas vezes ao governo municipal, porém, até hoje pouco foi feito. “Fazem apenas coisas provisórias e mal feitas. Por causa disso, muitas vezes ficamos até sem ter como sair de casa devido às péssimas condições das estradas”, disse. Ele solicitou ainda que seja melhorada a potência do sinal da internet e também do sinal de celular. João Ferreira, que lidera o projeto “Vizinho Xereta”, que visa auxiliar a segurança pública na comunidade, utilizou a palavra para defender a iniciativa e esclarecer que a adesão não tem custo nenhum para as pessoas.
Residente na comunidade de Matão, Dorilda de Cássia Sulin Padilha, pediu aos vereadores explicações sobre os pleitos apresentados pela comunidade na sessão itinerante do ano anterior. “Sabemos que foram levados para a Secretaria de Obras, mas infelizmente pouco foi feito até agora, inclusive as nossas estradas que não recebem a manutenção devida”, lamentou.
Cessão do espaço e custos da sessão
O presidente do legislativo municipal, vereador Paulo Glinski, agradeceu a comunidade luterana pela cessão gratuita do salão de eventos para a realização da sessão. “Gostaria de manifestar meu agradecimento aos luteranos que entenderam a importância desta reunião e nos auxiliaram nos trabalhos de organização e cessão do espaço”, ressaltou.
Glinski também fez questão de responder a críticas postadas de maneira anônima em um site local contestando os valores gastos com a realização das reuniões fora da Casa. “Único gasto que temos é com a contratação do som. Os locais são disponibilizados gratuitamente, nossos funcionários usam veículos próprios para se deslocarem até os locais das sessões e não recebem nada por isso. Podem ter certeza que os custos são bem menores aos valores pagos a certas pessoas dentro das esferas públicas e que ficam o dia todo sem ter o que fazer e ficam postando essas besteiras na internet, com o objetivo de denegrir a imagem dos vereadores perante a sociedade”, concluiu.