Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais pede ajuda para barrar reforma da Previdência

por admin última modificação 08/03/2018 21h28
Romualdo Stein falou na tribuna livre, relatando a indignação dos trabalhadores rurais diante das mudanças previstas na PEC 287

Um tema que tem preocupado trabalhadores brasileiros foi trazido ao plenário da Câmara de Vereadores de Canoinhas na noite desta segunda-feira (13) por Romualdo Stein, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Canoinhas. Ele fez uso da tribuna para falar sobre o Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, a chamada reforma da Previdência, que fixa idade mínima de 65 anos para aposentadoria, tanto para homens, quanto para mulheres, aumentando o tempo de contribuição. Lembrando que hoje eles se aposentam com 60 e elas com 55 anos.

Por enquanto não há data definida para a votação da PEC, mas a previsão é que a apreciação ocorra na primeira quinzena de abril. Como as emendas ainda estão sendo entregues ao relator, Arthur Maia, Romualdo Stein veio à Câmara para pedir que os vereadores intervenham junto às instâncias superiores, para “pelo menos poder segurar a questão da idade.” O representante ainda lembrou que cônjuge e dependentes não terão mais direito ao valor de 100% da aposentadoria que o segurado recebia em caso de pensão por morte, e sim de 50% do salário benefício, acrescido 10 pontos por cada dependente. Romualdo Stein comentou também sobre as mudanças no tempo de contribuição e as formas de contribuição, que acabariam indo contra o modelo de agricultura familiar, que prevalece em nossa região.

A vereadora Norma Pereira (PSDB) disse que o governo “propõe o máximo para negociar o mínimo” e que não vê possibilidades de essa proposta passar. Ela lembrou que é o produtor rural que fornece matéria-prima para a indústria ganhar e para que o governo arrecade mais ainda.

Paulo Glinski (PSD) evidenciou que as conquistas dos agricultores, após muitos anos de luta, são recentes, e que não é possível deixar que elas sejam perdidas. “O que a gente vê basicamente é apertar o pescoço do mais fraco”, desabafou. Glinski ainda pontuou que o problema da Previdência não é o salário mínimo do agricultor, como muito se ouve falar pelo Governo Federal, “até porque que esse dinheiro ele recebe hoje e amanhã pulveriza no comércio.” “Ele sai do banco já pagando. Esse dinheiro retorna em imposto para ao governo quase todo. O que penaliza a previdência é verificar que algumas pessoas têm um salário absurdo para o nosso país, que determinadas pessoas trabalharam muito pouco ou sequer trabalharam. Dizer que um agricultor vai trabalhar até os 65 para poder se aposentar é porque nunca trabalhou em um serviço mais pesado”, desabafou o vereador.

O presidente da Casa, Wilmar Sudoski, também manifestou sua posição contrária à PEC 287, lembrando que o agricultor recebe a menor fatia possível. O edil ainda frisou que é a agricultura que tem salvado a economia do país e contou que um requerimento assinado por todos os vereadores e vereadoras será enviado aos 16 deputados federais e aos três senadores da República, mostrando o repúdio de Canoinhas pelo texto da reforma. “Somos bastante agrícolas aqui e temos que defender. Não é o trabalhador que está quebrando a Previdência”, concluiu Sudoski.

Telma Bley trouxe a realidade da saúde dos trabalhadores rurais à pauta, já que atuou na pasta durante muito tempo. De acordo com ela, vários casos de agricultores jovens com problemas sérios de coluna, como escoliose, eram registrados. “Um agricultor com 65 anos já está com inúmeras sequelas que o impedem de executar qualquer tipo de trabalho, então a gente sempre vê que geralmente as leis federais e estaduais são feitas por quem não vive a realidade. Elas olham pela janela”, argumenta a vereadora.

 

Por fim, Paulinho Basílio também cumprimentou Stein e comentou que, enquanto o representante dos agricultores explanava a PEC, o edil contatou o deputado Mauro Mariani, que garantiu que já foi confeccionada uma emenda sobre este assunto, assinada por ele. Basílio sugere que cada um dos vereadores pressione seus deputados para que a PEC não seja aprovada da maneira como está redigida.

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